Em pleno século XIII...
Uma manhã cinzenta e fria de
segunda-feira...
Poucas pessoas na rua...
O frio era tamanho que somente
saiam de suas casas aqueles que realmente necessitavam...
Mas eu não estava nem aí!
Com várias camadas de roupas sobre
o meu corpo deixei o abrigo no qual me encontrava.
Todos ali me olhavam...
Enxergavam-me com seus olhares
inquisidores desejando saber quem realmente eu era. E não entendia o motivo.
Porém, naquele exato momento não passava de uma mera questão impossível de ser
respondida. Pois nem eu mesma sabia quem seria.
Até a maneira sombria de como fui
parar naquele lugar me assustava. O que recordo é de acordar em um leito de
hospital aonde as primeiras palavras que ouvi foram: “- Que magníficos olhos!”
– De um completo estranho trajando um jaleco branco que me aguardou recobrar
completamente os sentidos para que, então se apresentasse como doutor Scoot
Moore.
Mesmo me sentindo um pouco tonta
não deixei de perceber o seu entusiasmo quando me viu acordar. Não seria
exatamente a empolgação de médico para paciente e sim de homem para mulher.
Os dias foram se passando, mas para
onde iria se ninguém me procurou naquele isolado vilarejo. E assim fui
permanecendo e ajudava com os demais pacientes em troca de comida, roupa e
lugar para dormir. E quando tudo se encontrava na mais perfeita calmaria, eu
saía um pouco para fazer caminhadas e me distrair. Dessa maneira ficava ausente
por alguns momentos daquele clima de hospital que, às vezes, tornava-se muito
pesado.
***
Aos dias atuais retornando, tento
me lembrar de algo que possa me trazer alguns fragmentos de lembranças e
encontrar a ponta para saber quem realmente fui ou sou... E o porquê de estar
ali.
Ao voltar mais de uma dessas
caminhadas:
- Clara! Aonde foi que você se
enfiou menina? – Quis saber Eleonor, uma das enfermeiras.
- Não precisava se preocupar...
Estou bem! – Para acalmá-la lhe falei.
- Não sei o que há com você. Está
muito frio lá fora. Este inverno está sendo muito rigoroso! – Ela concluiu.
- Não sei que frio é este! – Ao dar
de ombros exclamei e sai.
***
Não sei se Clara é realmente o meu
verdadeiro nome. Eles quem me batizaram assim devido a cor da minha pele e ter
os olhos bem azuis.
E em suas conversas que muitas das
vezes ouvi por detrás das portas, eles se indagavam porque uma jovem tão bonita
quanto eu poderia ser abandonada e que ninguém pudesse sentir a minha falta. E
quando percebiam que havia escutado algo se faziam de desentendidos.
Naquele dia, não suportava mais a
clausura das paredes do hospital... Uma enorme necessidade de sair se apossou
do meu corpo. Uma agonia atingiu bem no
alvo de minha alma. Não compreendia a grande vontade, apenas as minhas pernas
obedeciam e saí correndo!
Não suportava o vazio que me puxava
como se um abismo me engolisse.
Tudo ao meu redor a neve encobria,
a paisagem branca se mesclava com o verde da floresta. Mas eu tinha a
necessidade de correr, como se pudesse deixar tudo aquilo para trás.
E fora de mim corri e não notei que
nem ao menos um casaco vestira. Mas o calor do meu desejo fazia com que o frio
ficasse menor a cada passo que eu dava e, desvencilhando-me de alguns galhos
caídos prosseguia não sei para onde. Não queria pensar em nada, apenas corria como
se obedecesse a um comando que eu nem mesma sabia que existia.
Mas teve um momento em que não
suportei o cansaço e cai sobre a neve...
Com o tempo o meu corpo foi se
enrijecendo. Tanto que corri e para nada. Na densa floresta acabaria congelada!
Quando os meus olhos se fixaram em
uma luz brilhante que surgia do alto das copas das árvores.
O que poderia ser aquilo? Ou quem
poderia ser? Não sei se estava entrando em choque devido à hipotermia... Nem os
dedos eu conseguia mexer. A mesma luz se aproximava e também passeava sobre o
meu corpo. E, por alguns momentos se afastava.
Ao procurá-la movendo apenas os
meus olhos notei que havia uma espécie de gruta naquele lugar e a misteriosa
luz se dirigiu para ela.
Como me sentia fraca, aos poucos
fui perdendo os meus sentidos. E outra vez me vi sozinha a mercê de não ser o
quê!
Não sei se foi delírio meu...
Ao abrir os olhos observei um
estranho se afastando. Ele não percebeu que acabara de acordar.
Como poderia estar viva sobre e sob aquela camada de neve em uma floresta densa e escura?
Mas para a minha surpresa havia
sobrevivido. Não mais estava com as roupas úmidas, protegida por um grosso
manto e uma fogueira à minha frente.
Ao me sentar assustada procurei
quem poderia ter me ajudado. E a luz veio novamente em minha direção como se
quisesse se mostrar. O pequeno ponto se movia com certa rapidez.
- O que poderia ser? - Indaguei em
voz alta.
- Acalme-se! – Avisou-me uma voz
oriunda da direção da luz.
Quando esta começou a aumentar a
sua intensidade e a se transformar em um ser não humano em si, apenas em sua
forma.
De pé fiquei rapidamente tentando
me desvencilhar de um possível ataque.
O manto que me aquecia se acomodou
no chão e me vi completamente nua.
O seu olhar se mantinha fixo em meu
corpo...
- Não seja tola! No estado em que
você está talvez não tenha chance de sobreviver se sair correndo daqui! - Ele me advertiu.
Ao fazer menção de andar, ele fez
um sinal com a mão para que eu parasse.
- Como pode ser? Você uma pequena
luz... Uma estrela brilhante... Como pode se transformar em humano e ainda
falar a minha língua? – O indaguei curiosa.
O humanoide me olhava perplexo ao
perceber que não estava com medo dele e agia de forma natural a me observar...
Ou melhor, eu quem o observava... Alto e esguio... Cabelos longos e loiros até
um pouco semelhantes aos meus e seus olhos eram verdes como as esmeraldas que
uma das enfermeiras havia me mostrado outro dia. A sua forma física deixava
qualquer deus grego se retorcendo de inveja.
E sim! Também notava que ele não
desejava me fazer mal, pois se assim quisesse teve-me a sua mercê enquanto
estava desmaiada no meio da floresta.
O seu olhar em minha direção se
fazia contemplativo, como se nunca tivera visto uma mulher nua a sua frente.
Ao me aproximar a sua face se ruborizou...
Talvez não conhecesse aquela sensação que despertava nele e até eu mesma
desconhecesse.
Apesar do inverno rigoroso não
sentia frio, mesmo estando despida. E ele usava apenas uma túnica com uma corda
envolta a cintura que delineava o seu corpo.
O meu sexo se fazia molhado... A
respiração ofegante... O que acontecia comigo? A minha intenção era me
aproximar daquele estranho. E antes o medo inicial deu lugar a uma gostosa
excitação e eu não hesitei em nenhum momento diminuir o espaço que existia entre
nós dois.
- Não se aproxime! – Ele exclamou.
- Sei que me não recordo quem eu
sou... Mas de uma coisa tenho certeza, de que não gosto de ser mandada! – Com
um olhar desafiador o retruquei.
- Você não me conhece... Não sabe o
que está fazendo! – Ele completou.
Não sou de acatar ordens de ninguém
e me aproximei ainda mais e sem que pudesse me advertir, segui os meus
instintos.
***
No local aonde fui acolhida, sempre
fui muito bem tratada e protegida dos perigos que pudessem vir a surgir. Mas,
às vezes, sentia que pairava a algo no ar sem que pudesse realmente ter noção
da compreensão. E naquele exato momento, possuía a intuição de que algo
mudara... Só não sabia exatamente do que se tratava.
***
Em passos lentos rumo ao
desconhecido... O que apenas desejava fazer era tocar em seu rosto.
Se outro alguém estivesse conosco,
chamar-me-ia de louca por querer manter contato com uma criatura que não seria
humana, mas que detinha o poder de se tornar como um de nós. Porém, a minha
curiosidade e o meu impulso foram maiores do que toda e qualquer razão.
Frente a frente com ele, olhando
profundamente em seus olhos, senti uma enorme sintonia como se pudesse me
enxergar e, ao olhá-lo por inteiro, percebi que algo se movia por debaixo da
túnica e crescia.
Ele não se movia e a minha mão
escorregando foi repousar bem na saliência que ali se formou. Quando ele sem nada
falar, soltou um breve gemido. E, ajoelhando-me levantei a sua túnica para ver
o que acontecia. Mesmo morando em um hospital, eles não me deixavam fazer e nem
presenciar todas as tarefas.
E, ao ver o seu pedaço de carne
teso... Não resisti e o toquei o que fez gemer outra vez e pude compreender a
sua sensação de prazer igual a quando como um pêssego, a minha fruta favorita.
E, enfim, quando o tomei em minhas mãos foi que ele cresceu e sem pensar muito,
fixamente olhando em seus olhos o suguei entre meus lábios imaginando a
saborosa fruta.
O meu sexo se aquecia e mais
molhado ficava...
O humanoide mudou de postura e se
deliciava comigo envolto ao seu corpo. Mas desejava mais do que tudo desbravar
todo o seu conteúdo corporal e ainda sem ter noção ao me levantar comecei a
esfregar o meu corpo ao seu para ver até aonde iria com a sua imparcialidade.
Um fogo me aquecia... O seu cheiro
era tão bom que entorpecia os meus sentidos... O que ele poderia fazer comigo?
Não me importava... Apenas desejava desfrutar daquele momento.
A ponta de seu pedaço de carne em
riste procurou a entrada de meu sexo e ali se abrigou enchendo o meu corpo de
lascívia e só então tive a real noção do que estava acontecendo. Tornando-me
mulher ou relembrando algo do meu passado.
O meu corpo batia de encontro ao
dele... Encaixado em nossas formas perfeitas de homem e mulher ou o que poderia
vir a ser.
Conforme a intensidade de nossos
movimentos ele segurava em meus quadris para melhor estabilidade. E nada mais
nos fazia cessar... Em transe nos encontrávamos e a aura criava nuances de
multicores como se já nos conhecêssemos há muito tempo.
Em dado momento o meu corpo começou
a estremecer e a convulsionar de maneira extraordinária e aquela sensação me
embriagou. Um bálsamo se apoderou de meu corpo como se tivera tomado uma taça
de vinho que, mesmo me deixando lânguida, desejava mais me embriagar com toda a
novidade a qual era me apresentada. E, deitando-me sobre o mesmo local que
momentos antes estivera adormecida ele desfez-se de sua túnica revelando seus
músculos... Mas o meu olhar estava voltado para o pedaço de carne que estava
pronto para me invadir novamente. E assim ele o fez deitando-se sobre o meu
corpo e me aquecendo com o seu, aos poucos roçando por entre as minhas coxas e
sugando os bicos rosados de meus seios brancos.
A todo instante me segurava para
não pegá-lo e colocá-lo dentro de mim. Mais do que tudo desejava que ele o
fizesse no tempo dele.
As suas mãos seguravam os meus
cabelos... Ele não se importava se pudesse me machucar. Era alguém que não me
tratava como um bibelô com medo que caísse ao chão e me quebrasse. Em atitudes
que foram se tornando impulsivas e aquilo me incendiava ainda mais.
De supetão invadiu-me...
O meu grito ecoou pela ambiência do
lugar. E cravado em mim começou a desferir vários golpes em meu sexo. Às vezes,
a dor era intensa, mas não me importava... Não queria que cessasse e não
reclamei. Apenas olhava fixamente em seus olhos e através deles pedia para que
continuasse com as suas investidas.
O meu corpo rebolava para senti-lo
com mais intensidade, embora a nossa linguagem fosse corporal, não se faziam
necessárias palavras, compreendíamos um ao outro somente com toques.
Os nossos fluídos se misturavam...
A energia de nossas peles...
Tudo era sincronizado...
Ele me possuía loucamente...
E ensandecida me entregava!
***
Desde o momento em que fui
encontrada sem nenhum fragmento de memória pelo pároco do vilarejo, sentia uma
profunda tristeza em minha alma como se algo estivesse incompleto... Como se
faltasse uma peça que se encaixasse nos acontecimentos daquela noite na qual um
evento sobrenatural ocorrera. E o que me contavam eram somente fatos que nem
mesmo a população acreditava e eu pensava ser um monte de sandices.
Uma enorme bola de fogo caindo do
céu em um descampado e, alguns moradores foram ver o havia ocorrido. Neste
exato instante a nave se aproximou feito um raio e resgatou dois corpos. Mas
nas noites seguintes, o mesmo facho de luz pôde ser avistado durante a
madrugada. O que poderia ser? Poderiam estar procurando mais algum deles?
Indagavam-se alguns moradores mais crédulos.
***
Em minha loucura as lembranças me
faziam transitar por entre dois mundos revelando-me quem de verdade realmente
seria.
Ao seguir a minha intuição fez com
que todo caminho a ser percorrido ficasse mais curto.
Em meus devaneios me incitava...
Em meus devaneios me procurava...
E com ele tudo fazia sentido...
Não fazia parte daquele lugar!
Aquela pessoa vazia e fria não era
a minha verdadeira identidade. Agora compreendia o que de fato ocorrera. E
compreendia no momento o que estava realizando e a sensação de paz que me
trazia era tão boa que desejava que nunca terminasse. O que no meu mundo
chamamos de relação corporal sem contato físico, aqui na terra os humanos o
chamam de sexo. Porém, possuir a oportunidade de usufruir dessa doce sensação
mesclada com toques não há nada que se equivale.
Com todas essas novidades se
expandindo em meu corpo, não foi difícil mais uma vez sentir o meu corpo se
convulsionar no mesmo ritmo de meu parceiro e, juntos gozamos como se
cronometrássemos o nosso momento e além de maravilhoso... Intenso!
As nossas respirações ofegantes aos
poucos foram se acalmando.
- Não sei o que aconteceu aqui! –
Disse ele quebrando o silêncio.
- Eu sei o que foi! – A ele
respondi.
- Mesmo confuso, através de seus
pensamentos, fui revelando a sua verdadeira identidade. Você não faz parte
desse mundo... Tu és igual a mim! – Ele explicou-me.
- Sim... Compreendi! Pode me chamar
de Clara! – Só então revelei o meu nome.
- Não! Você é Harthiza! E sabe como
por um acidente veio parar na Terra. O seu lugar é conosco. Desde aquela noite,
quando a encontramos, já se encontrava com os humanos. Antes de desmaiar para
se proteger se transformou em um deles. Foi o que fiz antes com você para não
se assustar! – Ele me explicou mais uma vez.
- Podemos passar a noite aqui?
Quero me despedir do pessoal antes de partir. – A ele fiz o pedido.
- Tudo bem... Compreendo! – Ele
respondeu.
- Mas quero compartilhar com você
mais do meu corpo humano. – A ele falei em tom bem sacana como os humanos,
afinal das contas, vivi um tempo entre eles.
- Não desistimos... Não desisti de
você... Sabia que a levaríamos de volta para casa! - Ele me confessou.
- Como soube quem eu era? – Muito
curiosa perguntei.
- A identificamos pelo sinal que
tens ao lado esquerdo do pescoço. Para os humanos algo simples, mas para nós, é
como se fosse uma espécie de radar! - Ele me contou entusiasmado.
- Sempre me incomodou... Por me
tornar muito branca, esse sinal negro sempre se evidencia em meu corpo. E por
não ser humana, também explica o fato de ser mais resistente ao frio. – A ele
desabafei.
- Viu? Como está compreendendo
melhor a sua natureza? – Ele me indagou.
***
Naquela noite, não resistimos mais
a nossa atração física e nos entregamos mutuamente... Não pensei nas
consequências que pudessem vir a acarretar. Na verdade, sabia parte da minha
história, mas não como me encaixava nela.
***
Na manhã seguinte, retornei ao
hospital e com calma me despedi do pessoal sem muitas explicações. E Zhyon,
este é o nome dele, observava-me de longe sem que pudesse ser visto pelos
demais em mais um de seus disfarces.
No começo da noite me dirigi
novamente à floresta, onde uma pequena aeronave camuflada pelas árvores nos
aguardava.
E em um piscar de olhos estávamos na
órbita de nosso planeta e para a nossa proteção aqui não será mencionado.
Zhyon me ensinou como voltar a
minha forma original e ficava brincando: Um momento eu era humana e em outro
instante me tornava uma alienígena.
Algo muito forte surgiu entre Zhyon
e eu a partir daquela noite na floresta.
E sempre surgia um desejo
incontrolável de nos relacionarmos como humanos. E em qualquer oportunidade,
adquiríamos a forma de humanoides e nos entregávamos ao desejo da luxúria que
surgiu de maneira natural...
Como o brilho ingênuo da lascívia.
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Meu agradecimento ao meu amigo Didakus James por sugerir o título desse texto que caiu feito uma luva.
Bjs meu querido!
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Meu agradecimento ao meu amigo Didakus James por sugerir o título desse texto que caiu feito uma luva.
Bjs meu querido!
Um comentário:
Maravilhoso!!! A ambientação foi criativa, a narrativa densa, a relação entre Clara e seu humanóide conseguiu uma combinação rara: foi inocente e terno, e ao mesmo tempo viril, com tendência ao profano, a violação... Que delícia!!! E a gostosura de Clara foi mais insinuada que retratada, mas clara como o raio de sol... Místico, delicioso, criativo... Pena que no fim pareceu meu corrido, mas foi até antes da verdade, de uma densidade, de um envolvimento, que tornaram o conto magnético... Delícia!!! Amei demais Fabby... Será que rola continuação? Rs
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