Anos atrás tão fugaz –
Que éramos capazes de realizar tantas coisas sem o menor receio de nos machucarmos.
Uma dessas poucas e transitórias lembranças que mais recordo com carinho e ainda reverberam em meu corpo tem nome: Afonso.
Conhecemo-nos ao acaso –
Buscávamos usufruir das mesmas reações e sensações.
Um vício lícito entranhado em nossa alma, a luxúria.
A excitação –
Os êxtases compartilhados, por nós dois nunca censurados.
Com gosto lhe eram ofertados todos os pratos e apreciados como a melhor iguaria.
Os nossos contrastes se faziam nítidos: A sua pele negra se misturava com a minha branca. E a diferença de altura um tanto desproporcional, o que resolvíamos muito bem na horizontal.
***
Fecho os meus olhos –
Posso visualizar nós dois em um quarto qualquer de motel, aonde podia ser quem eu realmente sou sem ser tolhida por alguma convenção social.
No momento dos nossos corpos encaixados:
Palavras obscenas, palavrões e meus gritos podiam ser ouvidos aos quatro ventos.
Não tínhamos a menor descendência, quando o assunto se tratava da prática sexual.
O seu modo de ser –
O seu dom em me dominar –
De me fazer entregue –
Completamente rendida.
Ao nos tocarmos saiam faíscas –
O tesão descomunal causava um curto circuito da libido.
Com ele não era nada baunilha, sabia exatamente como me surpreender e virar a chave selecionando o modo hard.
Tudo fluía tão natural...
Éramos feitos de reencontros, como se nunca houvesse um ponto final, e ao nos encontrarmos recomeçávamos de onde havíamos parado.
Intenso –
Tenso –
Surreal.
Tínhamos um mundo próprio.
Seguíamos regras que nunca foram feitas.
Os problemas do trabalho e falhas do cotidiano eram deixadas de lado.
O importante de quando estávamos juntos, éramos de gozarmos muito, o máximo que os nossos corpos aguentassem. E nos envolvíamos mais e mais fazendo com que aquelas horas fossem perfeitas.
Um bom papo...
Uma conversa inteligente entre uma foda e outra.
Mas nem sempre os encontros se transformavam em loucura por causa de outras questões.
Porém, quando estava me sentindo triste, conseguia me fazer superar e usufruir do melhor de minha essência.
Com o seu toque me virava de ponta cabeça, deixando-me vulnerável à excitação.
Louca –
Ensandecido –
Desbravava todos os meus territórios, deixando as suas marcas espalhadas, como se demarcasse cada centímetro, fazendo-me sua!
Entretanto, o inesperado se deu...
O que era bom, transformou-se em escassez –
Um telefonema foi a gota necessária.
Afonso?
Transformou-se em recordações:
De sorrisos –
Das brincadeiras –
Dos momentos de perversão –
Os êxtases –
Do frenesi louco em meu corpo.
Só o destino poderá responder, se algum dia haverá um reencontro, nem que seja para saber se está tudo bem.
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