quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Nas sombras do desejo (halloween)

 


Desde que me entendo por gente...

Sinto que sou diferente.

As pessoas se encaixam em regras de boa convivência, mera conveniência.

Enquanto, a mim encaro como mera perda de tempo todos aqueles trejeitos aleatórios mentindo, anulando-se com o intuito de caber no mundo pequeno de alguém.

Às vezes, imagino essas mesmas pessoas sem as máscaras com as quais se escondem, tramando pelas costas dos outros, com o livre pensamento de que estariam passando desapercebido.

Ledo engano! Todos sabem, mas fingem não saber. Porque esta é a principal regra do jogo.

Cada um sabe o seu lugar neste imenso tabuleiro, a sua hora de agir ou de recuar, a de falar e, principalmente, a do silêncio.

Quando se tem um segredo ou, desculpe-me o uso da expressão, o rabo preso. É melhor ficar calado.

Nunca quis fazer parte desse jogo, onde os vis interesses não falam mais altos, mas eles gritam ecoando pelo ambiente.

É observando as pessoas que se aprende o que desejamos ser ou nos transformar.

Afastando-me desse lugar vazio e frio, decidi por fazer o meu caminho sozinha, mesmo não me afastando totalmente, porém, impondo limites, criando uma nova armadura, uma aura de proteção para não me “contaminar” com as suas maneiras sórdidas e, ainda me colocar em risco diante da maldade humana. Porque ninguém nunca sabe qual é o grau da capacidade de destruição.

Por isso, esse mesmo afastamento veio bem a calhar. Porque somente quando conhecemos as particularidades da solitude, podemos nos reconhecer de fato como um ser humano de outro nível aceitando as nossas falhas e, então, com o passar do tempo transmutamos essa energia de sombra em luz.

***

Certa noite, de lua cheia, ouvia uma voz ecoando em meu mental me chamando, o meu nome sussurrando, o que me causou um forte impulso por caminhar até que fui atraída para a densa floresta e enigmática onde o barulho dos bichos me hipnotizava. Não sabia o que exatamente acontecia, até que o medo deu lugar à curiosidade.

O poder em desvendar toda a sensação que crescia em meu ser, fazia com que seguisse adiante.

Os meus pensamentos se dissiparam, a mente ficava vazia, existia um enorme silêncio. Não ouvia mais os bichos noturnos da mata. Não existia o medo, também a ansiedade, apenas seguia o instinto.

O que encontraria? Sinceramente, não sabia! Só tinha a certeza de ser levada, condicionada.

Portanto, cessando os meus passos em um círculo de pedras, acessei um local descampado com o brilho da lua iluminando intensamente, minuciosamente colocado ali. Para quê? Qual seria o seu intuito?

Bem no centro parei admirando cada detalhe de sua beleza esculpida no meio do nada.

De olhos fechados vi uma aura se aproximando e tomando conta de meu corpo, apossando-se de minha consciência.

Uma luz... Como se lesse cada partícula de meu corpo. Uma força avassaladora fez com que me transformasse, revigorando-me, tonificando os músculos. Não compreendia o que estava acontecendo, mas estava amando essa minha nova condição. As minhas roupas foram modificadas, tornando-se sensuais, recebi joias, o cabelo ficou com mais volume. Uma alegria esfuziante tomou conta de meu âmago e comecei a girar, o meu corpo era embalado por uma canção mística.

***

Quando voltei a si, caminhei de volta para o povoado, onde mais uma vez encontrei com aquelas mesmas pessoas das quais não me aproximava plenamente, mas não me afastava, há oportunidades para tudo.

Então, pressenti o impacto ao me avistarem, mas não me reconhecera, não no primeiro momento.

Observava-os de longe, cada um confabulando com o seu grupinho, transitando por outros desempenhando silenciosamente os seus papéis, tratando-me como mera coadjuvante, feito cobras sorrateiras, destilando veneno. Todos sabem o que acontece entre eles, porém, não são capazes de pronunciarem os seus próprios pecados, disseminando a história das vidas alheias sem nenhum fundamento.

***

Com uma taça de vinho nas mãos me fazendo companhia, fazia de conta que bebia, prestando atenção em todos os detalhes. Porém, não estava passando imune a sua atenção.

***

Pelos cantos, um deles que conhecia muito bem, aproximou-se.

- E esse seu copo que nunca fica vazio? - Ivo me perguntou sorrindo.

- Impressão sua! – Eu lhe respondi com firmeza.

- Quase não a reconheci, mas o seu olhar não muda! Está diferente... Parece que recebeu uma repaginada no seu visual. – Ele continuou.

- Pelo jeito gostou e seus amigos também. Não tiram os olhos de cima de mim. E agora então, que estamos conversando. A sua amiga acha que mesmo casada, você é propriedade dela. – Eu lhe falei sem filtro.

- O copo pode está cheio, mas dá a entender que não está sóbria. – Ivo me falou meio reticente.

- Estou no meu mais perfeito estado mental, lúcida e consciente do que falo. – Eu lhe respondi ríspida.

- Só não compreendo porque não quis mais foder comigo. Amo a química que acontece entre nós dois quando estamos em quatro paredes. – Ivo me respondeu dando uma amostra de seu tom cafajeste, confessando a sua intenção.

- Sempre fui discreta, não gosto de holofotes sobre a minha vida. As pessoas quando sabem ser quem são, não se perdem em personagens em cima de um palco, alimentando o próprio ego. Gosto da minha essência feminina, a que carrego com muito esforço e naturalidade. Sou o meu espetáculo! – Eu lhe expliquei.

- Por este motivo, gosto de você. Não precisa de muito, só dessa vontade! – Ivo exclamou.

Por um momento, permanecemos nos olhando fixamente...

O tesão estampado em nossos corpos.

***

Ivo era um homem atraente, de pele clara, alto, olhos azuis, másculo na medida certa e, sem contar no seu sex appel que era de enlouquecer qualquer mulher.

Como já conhecia os seus atributos masculinos, uma presa perfeita, para me saciar.

Ele não imaginava o que se passava em minha imaginação, a possibilidades de maldades que co-criava em meus pensamentos e poderia realizar sem o menor resquício de remorso em uma noite de lua cheia, a minha boca salivava e, não seria pelo vinho.

***

- Somente um sinal. – Ele falou quebrando o silêncio.

- Para quê? – Eu lhe perguntei.

- Se você quiser ficar comigo esta noite, vire a taça em sua boca! – Ivo me desafiou.

- E se não quiser? - Eu continuei.

- Se não desejar, vou embora e não lhe perturbarei mais. – Ele concluiu.

- E vai deixar as suas mulheres passarem fome? – Eu lhe perguntei.

- Quero algo diferente... Você sabe que sim! Vire essa taça e saia que logo irei atrás. – Ele continuou com firmeza.

Por alguns instantes, hesitei. Porém, aquela noite estava estranha. Uma força diferente e de confiança, conduzida por algo que não reconhecia, para que então fizesse com se outra consciência tivesse tomado conta do meu corpo.

***

Ivo não tirava os olhos de minhas mãos, até que ergui a taça e bebi todo o líquido gelado – Desejando alguma coisa quente.

Incrédulo e sem acreditar, deixei-o no bar me retirando.

Não demorou para que viesse atrás de mim e me puxando pelo braço, levou-me para perto de si quase me beijando, mas me desvencilhei.

- Aonde vai com tanta pressa? E o que combinamos? – Ivo me perguntou sério.

- Não é você quem queria? Agora eu quero ir para um lugar distante, longe dessa energia sombria – Eu lhe avisei.

- Do jeito que desejar! – Ele concordou.

- Acompanha-me! Conheço alguns atalhos. – Eu lhe pedi.

- Como conhece esse caminho? Ainda mais à noite! – Ivo quis saber.

- Não me pergunte, porque não faço a mínima ideia. – Eu lhe respondi.

Sem titubear percorria por trilhas que jamais havia passado, retornando para o circulo de pedras, distante de todos.

***

Ivo não avisou para ninguém que deixaria o local, além do mais para se aventurar comigo.

- Chegamos! – Eu lhe avisei.

- Que lugar é este? Não o conhecia! – Ele me perguntou ofegante.

- Também o conheci hoje! – Eu o respondi.

- Não é possível! Trouxe-me aqui! – Ivo complementou.

- Não me pergunte o que nem mesmo sei as respostas! – Eu exclamei.

- O mais importante é que estamos sozinhos e esse era o meu desejo. Finalmente, aceitou a ficar comigo outra vez. – Ivo falou se aproximando.

Os nossos olhares novamente se cruzaram, entregando-nos com um beijo...

Iguais a dois amantes nos despimos com pressa e ofegante, revelando a urgência, também a necessidade de nos reconectarmos.

Uma força sobrenatural me conduzia e deixava me levar por seu feromônio masculino, condicionando-me ao ato.

Totalmente despidos, forrando as nossas próprias vestes no chão, em um lugar mais reservado, Ivo montou sobre o meu corpo me beijando, enquanto, com as pernas arcadas ele dedilhava o meu clitóris... Os meus gemidos acendiam uma fogueira interna, brincando com o perigo. Quando me penetrava com os dedos, os quadris correspondiam à sua cadência. Por ora, apertava e mordia os meus seios intumescidos continuando a mesclar as suas carícias. Sentia o cacete teso, tomando forma...

Ao fazer menção de me penetrar, levantei-me girando os nossos corpos, sem dimensionar de como me tornei ágil, de repente. Por um momento, assustou-se, porém, remexendo-me encaixada sobre ele, voltou a crescer.

Desencaixando... E o tomando em minhas mãos, tornei a enfia-lo por entre as minhas entranhas, Engolindo centímetro por centímetro, rebolando, olhando bem para o seu rosto, rendendo-se à luxúria.

Os seus braços abrindo, formando uma cruz, segurava-o bem firme para que não percebesse a minha verdadeira intenção. Após cada arremetida que dava, as nossas vontades cresciam.

Por algum momento soltei as suas mãos para que pudesse sentir que estava no comando, segurando-me em minha cintura erguia os quadris e me estocava.

Eram nítidas as suas reações de prazer e, afastando-se fez com que me colocasse de quatro me invadindo de uma só vez. Um gemido gutural eu libertei de meu diafragma ecoando mata adentro.

Ivo infligia sobre o meu corpo o seu ritmo frenético, puxando os meus cabelos intercalando... Friccionando o clitóris, erguendo-me, quase sentando preenchida por sua ferramenta, abraçando-me por trás me apertando de encontro ao seu tórax, chupando os meus seios.

A mesma força que havia sentido no momento em que estive ali pela primeira vez, começava a se manifestar, a libido percorrendo em nossas veias, os seus movimentos que me levavam à outra dimensão, incorporados à minha essência como se fosse o último elemento para cocriar outra realidade na terceira dimensão - Quando rebolando sobre o seu mastro, a ebulição da alquimia efervescente com dois corpos em fricção nos fazendo expandir no mesmo instante, detonando uma explosão de êxtase.

O meu sexo pulsava com intensidade quase o engolindo literalmente. Ivo urrava de prazer, como se desejasse aquele instante há bastante tempo, nem me lembro como foi à última vez que transamos... Nas lembranças ficaram apenas algumas recordações de como tivera sido prazeroso e, estávamos repetindo mais uma vez ou seria a última?

Os bailados se harmonizavam e, na penumbra somente com a luz da lua refletida, quando finalmente, acalmamo-nos, jogados ao chão, respirações ofegantes, pulei sobre o seu corpo tomando o cacete por entre os lábios.

- Calma menina! Você é um furacão, porém, preciso de alguns minutos para me recuperar. – Ele me falou.

- Sou uma força da Natureza em conjunto com os cinco elementos...

- Não são quatro? – Ele perguntou me interrompendo.

- Cinco: Fogo, Terra, Água, Ar e Éter! – Eu lhe respondi.

- Sempre inteligente! – Ivo concluiu.

- Acho que você não viu nada! – Eu exclamei em tom de ameaça.

- Na prova corporal e oral tem a nota máxima! – Ele comentou.

- Relaxa! – Eu lhe pedia.

- Não seja por isso. – Ele me respondeu.

Como uma loba dentro de seu habitat, farejei-o tal qual uma caça, acariciando, manipulando-o na parte mais sensível, fazendo com que se entregasse. Sorvia-o misturando os seus fluídos com a minha saliva e, com fúria de sangue, o que deixava os meus sentidos mais apurados.

***

Ivo conhecendo o meu ritmo e, ao ponto de quase explodir, puxou-me para que ficasse de lado, formando uma concha, roçava em meu corpo, dedilhando os meus buracos, direcionando o pau para a entrada anal.

Antes que pudesse mergulhar, apenas com a força do pensamento fiz com que parasse as suas investidas, asfixiando-o, enquanto, levava as mãos à garganta como se fosse possível me deter – Ele não passava de uma simples presa. Uma mosca que se deixou enveredar pelo instinto da luxúria caindo em minhas garras.

- Os homens... Sempre os homens pensando com a cabeça de baixo... – Eu lhe falei sussurrando próximo ao seu ouvido.

Entretanto, o macho alfa todo viril se contorcia ao chão com uma mão para o alto, clamando por redenção.

***

Em passos lentos... Nua... Despida de todo o ego e vaidade, os meus longos cabelos soltos...

Com um único gesto, Ivo voltou a respirar.

- O que foi que você fez? - Ele me perguntou tentando recuperar o fôlego.

- Sinceramente não sei! Um pensamento intrusivo e aconteceu. – Eu lhe respondi.

- Pode ser apenas uma coincidência... Ou acha que pode ter poderes mágicos? – Ivo continuou.

- Mágicos não! Sobrenaturais! – Eu lhe respondi com bravura.

Foi a minha vez de erguer as mãos com a intenção de coloca-lo sobre uma mesa de pedra localizada bem no centro do círculo. Ivo voou com um piscar de olhos e foi jogado.

Realizei movimentos no ar de amarrar com as mãos, ele ficou preso, o seu corpo imobilizado, desenhando um x, completamente a mercê dos meus desejos.

Por longos minutos permaneci me deleitando somente em sua agonia de não poder se libertar completamente desesperado sem saber o que aconteceria, entregue ao próprio azar.

Não estava me reconhecendo!

Ao me aproximar, desejava sentir o sabor do medo em meu paladar, com um salto me coloquei sobre o seu corpo, encaixando a boceta em sua boca...

- Chupe-me como nunca tenha chupado alguém! – Eu lhe ordenei.

Ivo parecia não se concentrar, por mais que tentasse.

- Chupe-me! – Eu lhe falei ríspida.

Quando me tocou no ponto certo, rebolava em sua língua tesa com toda desenvoltura me escorrendo, mas não queria gozar logo.

Em dado momento, virei-me formando um sessenta e nove o sorvendo entre os meus lábios, ordenei para que também me chupasse, o prazer deveria ser mútuo. Ele reagiu como deveria ser esquecendo-se do medo e do que poderia vir a seguir no próximo minuto.

Remexia-me –

Os sussurros por entre os dentes eram perceptíveis, assim com os seus gemidos na mistura de fluídos. Em movimentos sinuosos, transcendi em um orgasmo que o fez se derramar em minha boca tomando cada gota. Sentia o seu peito arfando e, o meu desejo só crescia.

- Já pode me soltar! – Ivo exclamou.

- A diversão está apenas começando! – Eu lhe avisei.

- Pare de ser louca! – Ele continuou.

- Não estou louca. Apenas lhe proporcionando o que tanto desejou. – Eu lhe respondi.

Ivo começou a gritar pedindo por socorro e, por intuição fiz um gesto que levantou uma redoma invisível que nos protegia.

- Pode gritar à vontade, porque ninguém te escutará. – Eu lhe respondi rindo.

Quanto mais se debatia, mais se fazia preso.

- Nylla pare já com essa brincadeira de mau gosto - Ele tentou me ordenar.

Depois de alguns segundos olhando para o semblante soltei uma generosa gargalhada.

- Quem disse para você que sou aquela garota boba que vive se esgueirando pelos cantos com medo e coagida sem reconhecer a força que tem? Pode me chamar de Lillith a que nunca se deixou manipular! – Eu exclamei.

- Não tem mais graça esse teatro fajuto! – Ele me disse incisivo.

- Teatro fajuto? Experimente o meu poder! – Eu gritei.

Apenas com um movimento singelo do meu dedo indicador fiz com que levitasse. Confesso que me diverti com o seu desespero. E realizando gracinhas, girei-o algumas vezes no ar, até que o coloquei novamente sobre a mesa.

Concentrando-me fiz com que as minhas unhas crescessem se transformando em navalhas, desenhava trilhas e mapas em seu corpo. Onde o sangue escorria... E eu o lambia, enquanto estremecia.

Ivo gritava de dor e, aquilo alimentava a minha sede ao sentir o odor característico em minhas narinas. Os meus seios arfavam, parecia ganhar vida própria.

Até então, desconhecia os poderes que emanavam de meu âmago e usufruindo, outra vez fiz com que levitasse e, girando o seu corpo o deixei suspenso, entretanto, de cabeça para baixo na altura de sugar a boceta, arremetia de encontro à língua em riste, roçando os seios em sua ferramenta.

Ivo sabia perfeitamente que teria que cooperar, ou se não, não sairia dali vivo para contar a história.

Após alguns longos minutos, coloquei-o sobre o chão, o membro apontado para o céu estrelado, com jeito e de costas fui me encaixando na boceta sendo totalmente preenchida – Esfregando-me!

Os meus movimentos cessei por alguns segundos, retirei-o de minhas entranhas e o direcionei para a entrada anal, sentando devagar e o introduzindo, Ivo gemia.

A dor se apossava, arrepiava-me, tornando o elixir para a satisfação, sentia a cabeça em meu rabo, usufruía com gosto de tal deleite, quando sentei quase de uma vez esfregando a boceta, mesclando a agonia e o prazer, ao se fundirem, iniciei as investidas em oscilações sinuosas, por ora, abruptas quando o corpo pedia. Ivo crescia mais tomando forma em meu buraco.

***

Gemidos –

Sussurros -

Ecoavam pela ambiência,

O nosso prazer era nítido.

Antes o pavor sentido e todo o meu movimento fez com que, finalmente relaxasse, permitindo que me tocasse.

Acariciava-me –

Apertava os meus seios,

Enquanto, fazia mágica com o cacete.

Desejava que esse instante não mais terminasse e, quando notava que gozaria, parava um pouco, assim, também realizava com ele.

Por um longo período, permanecemos nesse duelo – O inevitável aconteceu, arqueando o meu corpo, rendi-me ao êxtase, ainda me convulsionando pelo deleite – Ivo exsudou em meu rabo.

Abraçando-me por trás girou a minha cabeça e me deu um beijo na testa como sinal de afeto, fechei os olhos e recebi o gesto de carinho, retribuindo com um sorriso.

Carinho?

Durante toda a minha vida fui serviu, calei-me quando necessário, submetendo-me quando preciso e, o que ganhei em troca? Somente deslealdade e ingratidão.

Este seria o momento de me vingar?

Não!

De aprender de que cada um faz as suas escolhas.

Finalmente, percebi que as minhas sempre foram equivocadas. Mas nunca deixei ser manipulada.

No momento presente, Ivo fez a sua de se deixar prender.

A vida e a morte caminham sempre de mãos dadas.

***

Os líquidos da vida e o da vitalidade se emaranhavam em meu corpo com fluidez.

Não sei por quanto tempo manteria o meu poder, tudo era muito novo, talvez o prazer do sexo também estivesse atrelado.

Ainda no meu papel de boazinha, tudo não passava de uma lua...

- Nossa! Valeu a pena esperar tanto tempo, você é como um vinho na cama. – Ivo comentou.

- Nunca me fizeram tal elogio. – Eu comentei.

- Deliciosa! – Ele continuou.

- Tão bom que vou querer mais! – Eu lhe avisei.

- Sempre soube dessa insaciedade, mas hoje está parecendo uma devoradora de homens. Deve ser a lua cheia. – Ivo concluiu brincando.

- Devoradora de homens? Até que não é uma má ideia. – Eu lhe falei quase sussurrando.

- Pare de brincadeira! – Ivo me pediu.

- Cale-se! – Eu lhe adverti.

Apenas com um simples olhar fiz com que ficasse ajoelhado, submisso, com os punhos em cruz, erguendo-o até a mesa na mesma posição, rodeando-o, sentindo o aroma do medo e de pavor. Em seu olhar de desespero.

- Deite-se! – Eu sussurrei em seu ouvido.

Prontamente me obedeceu em submissão.

***

Um homem de compressão forte de quase um metro e noventa, em comparação com a minha baixa estatura e fragilidade, agia igual a um cordeirinho inocente prontamente entregue a ser abatido. Os seus olhos não demonstravam mais nenhuma emoção, completamente a mercê, deixando a sua jugular a disposição – Um banquete apetitoso.

E você acha que fiz alguma desfeita? Claro que não!

Servi-me somente do conteúdo necessário para mantê-lo vivo e aprisionado em uma gaiola, desse modo me servindo ao bel prazer.

***

Assim, deu-se o início singelo de uma grande jornada de alta descoberta, aprendizado e reconhecimento do Eu Superior, da Mulher que deseja o que quer e não se submete às mazelas e convenções sociais impostas por uma sociedade hipócrita.

A dualidade se faz presente ligando o modo sobrevivência com o único intuito de nos resguardar.

***

Compreendo que ficaram curiosos quanto ao paradeiro de Ivo...

Ele continua longas vidas protegido pela grande floresta onde os seus gritos de dor e gemidos de prazer continuam ecoando em noites de lua cheia. Mas ninguém poderia ou poderá ouvi-lo. Isso depende da vontade de minha escolha em liberta-lo ou ceifar a sua vida.

No momento, vive com as consequências das escolhas que realizou anteriormente nas sombras do desejo.

Não se preocupem...

Às vezes, sirvo-lhe com um período de descanso, um castigo, quando me enjoo de seu sabor, saio à caça de novos paladares e, precisam me agradar, senão, deixo a minha marca: A morte!

Quando se tem o poder em suas mãos, de repente, a diversão perde a graça e, buscamos prazeres ainda maiores quase inatingíveis, infringindo a dor e o sofrimento.

****

A humanidade é um desperdício para o Planeta no qual habita. O equilíbrio entre a luz e a está cada vez mais escasso.

Quando as trevas toma conta da terceira dimensão, nada mais conveniente do que realizar uma limpeza e me alimentar daquilo que preciso transmutando em mais alguns anos.

***

Certa vez, andando pela noite, fui agarrada e arrastada para um beco escuro.

O indivíduo parecia um armário, levantando o meu vestido, em uma luta corporal onde ofereci certa resistência e me divertindo com a situação. Mas ao me penetrar, demonstrei que gostava...

- Sua puta! Você gosta disso! – Ele falou desferindo uma tapa no meu rosto.

- Esse é o momento que mais aprecio! – Eu lhe avisei.

- É mesmo? – Ele me perguntou.

Joguei-o no chão, rasgando a sua roupa com ele em minhas entranhas, cravando os dentes em seu pescoço... Furor total em nossa adrenalina gozando e fazendo-o gozar de tanta dor, sugando toda a sua energia vital.

Deixei-o imóvel...

O seu corpo ressecado sem nenhum resquício de sangue.

Acredito que aprendeu a sua lição.

Assim, são os meus dias, digo, as minhas noites, caminhando pelas sombras do desejo.


 

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