sábado, 18 de outubro de 2025

Telas em rascunho


Observo o teu corpo,

Como uma tela de ébano. 

Desconsertando-me –

Desconcentrando-me –

Despertando o tesão. 

Consumindo o fogo,

Entrando em combustão. 


Com o pincel da luxúria, 

Pintando com cores e carícias. 

As formas concretas,

Deliciosas peraltices.

Miscelânea de tintas e suor,

Movimentos sinuosos.

Uma dança improvisada,

Na mente, milhões de vezes ensaiada. 

Alimentando a lascívia, 

A harmonia como base.


É constante a excitação, 

Impregnada na pele.

Respirações ofegantes, 

Em plena luz do dia, chiaroscuro. 

Ou no difuso lusco-fusco, 

Não importa o horário. 

Na alta madrugada, no amanhecer, 

Eterno momento do cio.


As oscilações,

Deliberando gemidos.

Somando a lista de pecados, 

Nessa mistura transcendental.

Alcançando a raiz visceral,

Do casual ao anal.

Por entre paredes, 

Ou fora delas.

Turturinando à capela,

Sem sairmos do lugar.

Deixando-me de quatro, 

Vivenciando aventuras. 

Na insana loucura,

Completa falta de ar.


Curvo-me ao teu desejo, 

A minha perversão. 

Em incessantes lampejos, 

A boceta molhada,

O cacete ereto,

Uma perfeita combinação. 

Rendo-me à invasão, 

Embriaga pelos fluídos. 

Escorrendo por entre os lábios, 

A saliva de tua boca. 


Ondas provocando o deleite, 

Entregando-nos mutuamente. 

Culminando outra vez no ápice, 

Maravilhoso flerte.

Totalmente insaciáveis, 

Sussurros probidos incontáveis. 

Estremecendo em devaneios,

Preenchendo-me pelos entremeios. 

Na busca constante da realização, 

Energias se fundindo, transcendental.

Levando-nos à outra dimensão, 

O vislumbre psicodélico.

Ao som vibrante do rock n’ roll,

Embalando-nos na empolgação,

Deixando-nos cansados, satisfação.


Por fim, viras o jogo,

Sem medo do perigo.

Transmutas-me na folha em branco, 

Repleta de manchas e rabiscos. 

Marcas visíveis e invisíveis, 

Que ficarão iguais à tatuagem. 

Sob o teu olhar sedento,

Desenhados com dor e gritos,

Instigando o embevecer. 

Não é nenhuma miragem, 

Ao nosso bel-prazer. 


Sou tua...

Sob a tua vontade –

Sob o teu julgo.

Devota e submissa,

Rezando a tua ladainha. 

Aceitando com sublimação, 

Na carne os açoites. 

Arremetidas –

Vertendo-me...

Derramando-se...

Presenteando-me com um banho de leite.

Transcrevendo-me –

Passando à limpo o rascunho.

Transformando cada gozo em versos,

Nas entrelinhas do que componho.

Transmutando-nos  -

Cada qual fazendo a sua parte,

Transformando-nos em obra de arte.


Nenhum comentário: