Observo o teu corpo,
Como uma tela de ébano.
Desconsertando-me –
Desconcentrando-me –
Despertando o tesão.
Consumindo o fogo,
Entrando em combustão.
Com o pincel da luxúria,
Pintando com cores e carícias.
As formas concretas,
Deliciosas peraltices.
Miscelânea de tintas e suor,
Movimentos sinuosos.
Uma dança improvisada,
Na mente, milhões de vezes ensaiada.
Alimentando a lascívia,
A harmonia como base.
É constante a excitação,
Impregnada na pele.
Respirações ofegantes,
Em plena luz do dia, chiaroscuro.
Ou no difuso lusco-fusco,
Não importa o horário.
Na alta madrugada, no amanhecer,
Eterno momento do cio.
As oscilações,
Deliberando gemidos.
Somando a lista de pecados,
Nessa mistura transcendental.
Alcançando a raiz visceral,
Do casual ao anal.
Por entre paredes,
Ou fora delas.
Turturinando à capela,
Sem sairmos do lugar.
Deixando-me de quatro,
Vivenciando aventuras.
Na insana loucura,
Completa falta de ar.
Curvo-me ao teu desejo,
A minha perversão.
Em incessantes lampejos,
A boceta molhada,
O cacete ereto,
Uma perfeita combinação.
Rendo-me à invasão,
Embriaga pelos fluídos.
Escorrendo por entre os lábios,
A saliva de tua boca.
Ondas provocando o deleite,
Entregando-nos mutuamente.
Culminando outra vez no ápice,
Maravilhoso flerte.
Totalmente insaciáveis,
Sussurros probidos incontáveis.
Estremecendo em devaneios,
Preenchendo-me pelos entremeios.
Na busca constante da realização,
Energias se fundindo, transcendental.
Levando-nos à outra dimensão,
O vislumbre psicodélico.
Ao som vibrante do rock n’ roll,
Embalando-nos na empolgação,
Deixando-nos cansados, satisfação.
Por fim, viras o jogo,
Sem medo do perigo.
Transmutas-me na folha em branco,
Repleta de manchas e rabiscos.
Marcas visíveis e invisíveis,
Que ficarão iguais à tatuagem.
Sob o teu olhar sedento,
Desenhados com dor e gritos,
Instigando o embevecer.
Não é nenhuma miragem,
Ao nosso bel-prazer.
Sou tua...
Sob a tua vontade –
Sob o teu julgo.
Devota e submissa,
Rezando a tua ladainha.
Aceitando com sublimação,
Na carne os açoites.
Arremetidas –
Vertendo-me...
Derramando-se...
Presenteando-me com um banho de leite.
Transcrevendo-me –
Passando à limpo o rascunho.
Transformando cada gozo em versos,
Nas entrelinhas do que componho.
Transmutando-nos -
Cada qual fazendo a sua parte,
Transformando-nos em obra de arte.
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