terça-feira, 17 de maio de 2022

Excitante aquarela

 


Tens em tuas mãos:

O meu poder.

De colocar à prova,

Todas as cartas na mesa –

Completamente nua,

A mercê – A pele clara.


Dos perigos –

Eventual contratempo.

Combinada –

Palavra de segurança.


Cordas e apetrechos,

Fazem parte da brincadeira –

O divertimento.

Doando-me submissa,

Para quê a ressalva,

Ou premissas?

De apuros me salva.


A voz potente,

Dando-me ordens.

Vibra a descarga elétrica,

Por todos os poros –

Recheando-me de tesão.


Alta voltagem,

Eletricidade pura.

As tapas – Beliscões –

Descortinando riscos vermelhos,

Do sangue a cor e o cheiro.

Impregnado nas narinas,

Estonteante melanina.

Hipnotizando-me –

Através do sensorial.

Os toques –

No tato –

Redescobrindo a imponência,

Das medidas – O falo.

Embriago-me –

Da libido,

Nele me entalo.


Veemente volúpia,

Recebo tapas –

Desenhando mapas.

Perfeita contribuição,

Puro deleite.

Em plena felação,

Usando de subterfúgios,

Sem algum artifício –

Deixando-me molhada,

Nenhum sacrifício.


Entre consolos – Chicotes,

Vendada – Os açoites.

Ponderando os limites,

Entregando-me à realização.

Como prêmio:

Recebo a expansão.


Na permissão:

Os gemidos.

Na omissão:

O silêncio.


Às vezes, 

Pequena lágrima.

Não de dor –

E sim, por emoção.


Sabes o ponto exato,

A carícia pesada.

Os xingamentos –

Desenvolvendo cada cena.

Ao teu lado, a pequena,

No fim de tudo –

Exibindo a pintura de tela,

Excitante aquarela.

O meu corpo –

Repleto de hematomas.

Embala-me no colo,

Nosso olhar de cumplicidade –

É o que domina.


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