quinta-feira, 27 de junho de 2019

A lenda da floresta




Em nenhum momento de lucidez, pensei que pudesse acontecer tamanha atrocidade.

O desespero era sentido por cada parte do perímetro de meu corpo.

Os seus atos eram fomentados... Pensado... Premeditado em cada ação que pudesse vir a ter.

O ser humano é uma caixinha de surpresas e esta vem da onde menos esperamos...
Até o dia em que somos apanhados!

Esta nunca foi e nunca será uma história comum.

De onde veio e para aonde seguirá, eu não sei.

A única certeza que tenho é que há uma nuvem escura, assombrando as poucas lembranças que ainda me restam.

Não sei quem eu fui...

Não sei quem eu sou...

A minha mente é um vazio só...

Um turbilhão de sensações, emaranhadas com arrepios, frios, dor e angústia.

***

Tudo começou em um fatídico dia em que resolvi fazer um passeio pela floresta que fica localizada próxima a pequena cidade... Sozinha.

Às vezes, ouvia certos comentários.

Uns acreditavam e ficavam com receio. E outros já diziam que tudo não passava de uma lenda infantil.

Sempre gostei de verde... De sentir o perfume das flores e o cheiro do mato em minhas narinas. Essas misturas de aromas inebriam, entorpecem os meus sentidos e rejuvenesce a minha essência.

A floresta possui o seu lado oculto e fascinante, de certo modo é atrativa para os amantes.
Em minha pequena percepção, não havia preocupação com nada, pois fazia sempre o mesmo trajeto algumas vezes, sem perceber que o mal pairava... Escondendo-se... Esgueirando-se por detrás das árvores. E eu em minha santa inocência, nada percebia.

Era costume e rotineiro... Nunca passou por minha mente que pudesse haver algum perigo.

***
A minha manhã seguia tranquila, mas algo estava diferente, parecia que a floresta me chamava. Ela me atraia de um modo especial que não conseguia me deter. E mal terminei de executar as minhas tarefas e enveredei por suas trilhas.

A cada nova investida pela floresta era mais uma doce surpresa a mim revelada, em lindos campos de flores. Porém, segui atraída, caminhei por um atalho diferente e, no passo seguinte, o chão se abriu sob os meus pés. O vestido o qual trajava tampou a minha visão e tudo se fez escuro... Já sobre o solo, eu desvencilhei do tecido que cobria o meu rosto. Ledo engano meu... Não havia sequer uma fonte de energia. Ao olhar para o alto, tentando enxergar alguma abertura por onde caíra, nenhuma novidade. Ao tatear no pequeno espaço que me encontrava, o desespero tomava conta de minha alma.

Gritava... Chorava... Soluçava... E ninguém me ouvia!

Com o tempo a sede já se fazia implacável... Até que perdi os sentidos. Não sei por quanto tempo eu continuei sozinha.

Como fui tão ingênua em acreditar que estaria protegida na floresta.

***
Fui despertada com alguém jogando um pouco de água que escorria entre os meus lábios e na esperança de beber ao menos um pouco, rastejava-me de tão fraca... E ao abrir os olhos fui ofuscada por uma meia luz.

O lugar era pequeno e frio como previra... Não conseguindo distinguir a figura em minha frente: Uma espécie de homem misturado com cachorro... Um ser estranho que se mantinha de pé e ereto em duas patas.

Ele se agachou para sentir o desespero em meu corpo que tremia só por sua aproximação, sendo alto, forte e viril, enfiando a sua áspera língua em minha boca. O seu mau hálito era pavoroso, o que fez além de medo, ficar com nojo.

A sua ação me provocou ânsia... O meu estômago começou a revirar. Por mais que tentasse, não consegui conter os jatos de vômito.

Ao me olhar de cima, esfregando a língua em seus lábios, como se deliciasse com um prato de comida antes de degustá-lo.

Embora enfraquecida, fiz força para tentar me levantar e escorreguei em minha própria sujeira.

E sem nenhum esforço, a criatura me pegou pela cintura e me alojou em cima de uma espécie de mesa feita de pedra que, ao tocá-la, um arrepio percorreu todo o meu corpo.
As suas garras rasgaram o meu vestido como se fora um papel...

O que de fato seria aquilo?

Eu não poderia estar em sã consciência para acreditar no que os meus olhos presenciavam. Ou será que as horas que não sei quantas foram, fizeram- me com que visse uma miragem?

Não teria como me livrar de suas garras... Ele agia milimetricamente, como se aguardasse o momento exato para dar o seu bote. A sua caça do dia, seria a minha carne fresca... Branquinha e sem marcas de sol.

Os meus olhos estavam bem cerrados procurava não olhá-lo. Ao perceber o meu artifício, ele urinou sobre a minha cabeça, forçando para que o olhasse, puxando-me pelos cabelos. O gosto era cítrico, salgado... Parecido com fel, sem contar com o cheiro forte e insuportável.

Ao tentar me limpar, procurando os restos de minhas roupas, não alcançava... Fiquei fétida.
O único pedaço de tecido que ainda restara e não ficaria em seu lugar por muito tempo, a calcinha.

O focinho atingiu em cheio a minha boceta... Ali ficou forçando a entrada, até que tanto fez que rasgasse e retirou o restante com uma única dentada. O meu corpo se contorceu de dor.

Quando de fato ficou teso, o seu membro se mostrou grande, lustroso, com uma cabeça vermelha e proeminente, e mais uma vez não consegui me livrar dele. Mas foi somente fazer menção de um simples movimento, agarrou-se em meu pescoço, imobilizando-me. Com a outra garra, abriu as minhas pernas... E me invadiu quase me rasgando em duas.

Ao me adentrar, senti algo escorrer em meu corpo e o cheiro a inebriar toda a pequena ambiência, o que fez com que voltasse um pouco em mim.  Era o cheiro de sangue que escorria de minha vagina, e acabara de lembrar, naquele exato momento, que seria virgem, ou seja, não era mais. Se saísse daquele lugar com vida, toda a minha inocência ficaria para trás...

Quanto mais ele se excitava, mais sentia a pressão em meu pescoço. O que seria de mim, se não conseguisse me libertar daquele animal?

Sinceramente eu não saberia.

O seu peso sobre mim...

Em um dado momento, ele abocanhou um de meus seios, a dor lancinante impetrou no fundo de minha alma, dilacerando-me... Mais uma fonte do líquido da vida que se esvaía de forma quente e abundante.

A sensação de quase desmaio me entorpecia... Mas procurava manter os sentidos.

Enquanto ele arremetia o seu corpo sobre o meu, a agonia era quase insuportável em minhas entranhas, atingindo o meu útero.

Por quanto tempo mais aguentaria aquela barbárie?

Como uma boneca em suas mãos, ele me jogou de encontro ao chão. O impacto foi amortecido pelas folhas. E com um chute em minhas costelas, ele fez com que ficasse de bruços, totalmente exposta e rendida. Eu dobrei os joelhos em reação a agonia, fazendo com que empinasse a bunda para o alto.

Sem ao menos aguardar, senti-o novamente me abrir pelo rabo. Não o suportei e cai... Quando ele me puxou para cima e me invadiu com o seu enorme cabo de vassoura vivo.

O que fiz para merecer tal castigo?

E ao se arremeter mais uma vez em meu corpo, as suas unhas rasgaram as minhas costas, tirando nacos de carne e os fazendo sangrar.

A dor foi mais forte do que poderia suportar e desfaleci.

“- Puta... Safada... Fazendo-se de forte e não aguentou levar tora no rabo... Vadia! Agora esse corpinho é todo meu. Vou usá-lo ao meu bel prazer.”

***

Ele a pegou e a colocou de bruços sobre a fria pedra. O sangue escorria em seu corpo desenhando caminhos por sua pele clara, enquanto arremetia, usufruindo do pequeno buraco rosado. Os cabelos se misturavam ao líquido vermelho... O seu corpo quase sem vida. E a gentil criatura ao gozar, desferiu o seu golpe fatal, cravando uma potente mordida em seu pescoço, arrancando-lhe o que faltava de seu resquício de vida, em um sopro lento e quase imperceptível, a doce menina, antes pura e angelical deu seu último suspiro com uma criatura, que até então não decifrada, desfrutando de seu corpo.

Mesmo com o calor de sua pele se esvaindo, não a deixou em paz no seu ritual macabro: Desenhou uma cruz no chão, e como se a oferecesse, penetrou-a outra vez na boceta. E por final a gozar, exsudando-a com a sua gosma pegajosa e expeça, ele a mordeu bem no centro de sua pélvis. Isso mesmo, o que a terra um dia comeria, ele o fez literalmente das duas maneiras. E em seu paladar, ficou o sabor da inocente garota, que um dia chegou a acreditar que o seu príncipe encantado chegaria num cavalo branco... Mas a desgraça veio a galope, atropelando pela mão do destino e levou o melhor que existia em si: Os seus sonhos!

***

Não me pergunte onde estou...

A minha alma vaga pelas trilhas desse lugar... Por entre cada árvore...

O último lugar em que caminhei em vida...

Respirava...

Sentia o verde pulsando nas veias.

Os meus restos mortais permanecem empilhados sobre uma montanha de ossos, aguardando a próxima vítima.

Infelizmente o mal ainda prevalece.

Ninguém me escuta...

Por mais que eu grite...

A lenda da floresta permanece intacta sobre o feitiço da lua negra que estampa o céu.

Quando menos a esperamos, rejuvenescida pelo sangue de virgens que habitam ao seu redor.

Um comentário:

Leandro Jozé disse...

Linda história de terror com sexo! Parabéns Fabiana, seu conto é fantástico ��������