domingo, 12 de setembro de 2010

EM TODA AÇÃO: UMA CONSEQUÊNCIA


Stella desde a sua adolescência fora uma menina autêntica, não se deixando guiar por modismos.

Em uma dessas passagens ela lembra que enquanto suas irmãs e primas colecionavam papéis de cartas, se via às voltas em bancas de jornal procurando revistas de homens cabeludos para trocar recortes e pôsteres com outras meninas de seu curso normal, por materiais de sua banda favorita.

Os papéis de cartas colecionados por suas primas e irmãs não existem mais, porém os fichários com as fotos de roqueiros continuam intocáveis em sua prateleira. E se orgulha disso, apesar de vários anos terem se passado.

Stella casou, no entanto, não fora uma de suas melhores experiências e achou por bem se separar.

Uma das melhores escolhas de sua vida!

Alguns anos se passaram, e apesar de se encontrar na altura de seus trinta e quatro anos, Stella não perdeu o brilho de sua jovialidade, continua com o mesmo jeito meigo de menina, apesar de suas grandes responsabilidades.

Teve um ou dois compromissos depois de sua separação, mas nada que pudesse engrenar em um relacionamento sólido e preciso.

Para que se preocupar com isso? Já que as pessoas estão tão volúveis mesmo.

As formas de seu corpo continuam atraindo os olhares maliciosos dos homens e os de inveja por parte das mulheres, mas não está nem ai.

Qual a mulher que não gosta de ser admirada e desejada quando passa pela rua e percebe um olhar em sua direção?

Em uma noite de sábado, Stella saiu sozinha para dar em uma volta no bairro em que mora.

Arrumou-se de forma básica, mas mesmo assim se fazia notar.

A calça jeans colado ao corpo e a blusa lilás dava um contraste com a sua pele muito branca e moldurando os grandes seios em um decote provocante. O cabelo retocava-lhe o rosto, em tom mel cacheado, batendo ao meio de suas costas.

Passando em frente a uma lanchonete, lembrou que um amigo seu estava trabalhando e resolveu dar um alô.

Pedro se encontrava atrás do balcão.

Stella pediu um suco, e enquanto trocava algumas palavras com o amigo, que atendia um pedido e outro, um homem ao lado começou importuná-la.

Porém, ela o ignorava.

Cansada de ser interrompida, pensou logo em acabar de tomar o suco e se despediu de Pedro.

No entanto, percebeu que o homem levantou no mesmo instante e começou a lhe seguir.

Por um momento pensou em voltar para casa.

- Mas como fazer?

O homem foi ficando mais ousado, fingia que já se conheciam há muito tempo e começava a lhe acariciar.

Stella aterrorizada não sabia que atitude tomar, quando ele de surpresa lhe empurrou contra a parede não dando a mínima chance de defesa.

Neste momento, não havia ninguém aonde haviam parado.

Por sorte, alguns segundos depois passavam dois homens aparentando seus quarenta e poucos anos.

E um deles percebeu que Stella estava sendo coagida a fazer algo que não era de seu acordo e prontamente sacou uma arma, perguntando o que estava se passando.

- Este rapaz esta lhe perturbando moça? – quis saber ele.

- Não... Não... – ela respondeu sem saber o que estava falando.

- Diga logo moça a verdade. Eu tenho duas armas aqui. Você escolhe com qual eu acabo com ele. – dizia ele descontrolado.

O colega lhe pedia calma, mais o homem parecia transtornado.

O rapaz que coagia Stella era bastante esperto, e fingia que não era nada do que estava acontecendo.

Finalmente o colega conseguiu controlar o homem que estava transtornado e Stella se via em uma situação que estava fugindo de seu controle. Acostumada a ter a rédeas da vida em suas mãos, aquela noite estava sendo diferente.

Logo começou a ajuntar pessoas curiosas querendo saber o que estava se passando.

E a polícia também fora acionada.

Fora descoberto que o rapaz que assediava Stella era foragido da justiça por estupro.

E ela não gostou de ser encaminhada a delegacia para prestar depoimento. Nunca estivera em uma antes!

O arrependimento por sair à noite bateu...

Por que não ficara em casa assistindo um filme? – se perguntava.

Ao chegar à delegacia, foi surpreendida pelo delegado de plantão.

- Nossa que homem! – pensou ela.

Os transmites legais foram feitos.

Ao dar o depoimento e ao falar sobre o que havia se passado, estava um pouco assustada com tudo aquilo.

Realmente o seu quase algoz era um sujeito muito perigoso, mas que naquela altura já se tornaria uma mulherzinha dentro da prisão.

O delegado pediu licença aos demais presentes e queria ficar a sós com ela.

Aquilo sim, a atitude daquele homem a perturbou ainda mais. Por se tratar de um jovem delegado, alto, moreno, de corpo atlético perfeito. Cabelos levemente caindo-lhe aos ombros negros.

O delegado André fechou a porta e aquilo fez com que desse um salto na cadeira.

Ele deu um leve sorriso.

- Senhora Stella... Pelo o que eu pude perceber me disse que mora sozinha. E como o seu bairro é um pouco distante daqui. Deseja que eu peça algum de meus homens para acompanhá-la? – quis saber o delegado.

- Vejo que não é necessário. Já que o tal meliante está sob a sua custódia, não há perigo, pego um táxi... – disse ela.

- Um deles. Pois saiba que existem muitos daqueles que está preso aqui lá fora. – disse ele em tom de ironia.

- O que queria ele? – pensava Stella. – Creio que não seja necessário. – a complementou.

- Daqui a meia hora termina o meu plantão. Se desejar posso eu mesmo acompanhá-la e deixá-la onde quiser. – disse ele.

- Já que insiste. Vou aceitar e ainda mais que sai de casa para dar uma simples voltinha. Não imaginei de vir parar aqui. – disse ela sorrindo.

O delegado André, pediu para que o esperasse na sala ao lado, enquanto se organizava.

Ao deixarem a delegacia:

- Realmente aquele sujeitinho sabe bem como escolher suas vítimas. – disse ele brincando.

- isso não é brincadeira que se faça! – disse Stella o repreendendo como se já se conhecesse há muito tempo.

- Desculpe! Foi mesmo de mau gosto. Não fiz por mau! – disse ele.

- Ainda bem que seus colegas mesmo de folga, perceberam o que estava se passando. – comentou.

- Meus policiais são muito bons. E policial com farda ou sem farda é sempre policial. – disse ele.

Já no interior do carro, André confirmou o endereço de Stella, que pediu para que a deixasse em um local próximo. Mesmo algumas pessoas sabendo o que se passara, não queria chamar atenção.

Ficaram em silêncio por alguns minutos.

Stella podia notar que a arma de André se encontrava em um lugar estratégico dentro do carro por qualquer tipo de emergência.

- Então, você mira sozinha? Não tem alguém para ficar ao menos esta noite? – quis saber o delegado tentando averiguar um pouco mais a vida dela.

- Não tenho parentes próximos. Amigos mesmo são poucos e além do mais não quero importunar ninguém. Sou do tipo de mulher que não gosto de dar trabalho. – disse Stella sendo segura no que estava falando

- Não estou falando disso. Você quase sofreu uma violência hoje. Tudo bem, o cara está preso. No entanto, alguém pode não ter gostado e vir até a sua casa. – explicou o delegado.

Um silêncio tomou conta do lugar, Stella se via perdida, não sabia que atitude tomar. E se realmente o delgado estivesse com a razão?

- Prontinho... Chegamos! – disse ele.

- Por favor, leve-me daqui! – disse Stella desnorteada com tudo o que se passara.

- Calma! Está tudo bem! Estou aqui! – Disse ele a envolvendo em seus braços por um impulso.

Como os vidros do carro eram escuros, as poucas pessoas que transitavam pelo local, não percebiam o que estava se passando ali dentro.

Stella deu início a um choro convulsivo, só voltando a seu bairro, percebera o que havia se passado.

André, percebendo que ela se acalmara mais um pouco, deu partida no carro sem direção.

Stella se sentia indefesa, e feito uma criança, subiu os pés para o banco do carro e abraçou os próprios joelhos.

Neste instante, André a olhou pelo canto do olho, sem saber se ficasse preocupado ou se sorria pela atitude daquela mulher indefesa e ao mesmo tempo misteriosa.

Stella não sabe precisamente quanto tempo ele dirigiu mais. Pois adormecera no carro.

- Onde estamos? – quis saber ela.

- Desculpe, não sabia o que fazer e então a trouxe para um apart-hotel. – disse o delegado.

- Não imaginei que... – descanse!- ele a interrompeu.

- Obrigada! Ninguém nunca fizera algo assim antes, de se preocupar comigo... De me proteger! – agradeceu Stella.

E nesse momento foi ela quem o abraçou, e sua respiração forte percorria o pescoço de André, que se sentia atraído por aquela mulher.

Na delegacia se mostrava forte e impetuosa, mas que naquele momento estava se mostrando como um animal indefeso.

Ao perceber, Stella teve a mesma sensação e quando o viu pela primeira vez na delegacia, uma forte atração a guiou em direção a boca desejada de André.

Este também permitiu se envolver no mesmo beijo, deixando de lado o seu lado profissional.

O beijo de Stella confirmava a sua personalidade forte, que aquele momento de carência, era tão somente pelo fato ocorrido.

Ao se beijarem, ambos começaram a tirar a roupa de cada um e André se aconchegou na cama, permitindo assim carícias mais livres no corpo da mulher que atraiu o desejo de um homem perverso.

Realmente Stella era forte, não se deixando se abalar ao extremo pelo fato ocorrido.

Stella inverteu a posição e caiu de boca, no sexo de André que já se encontrava teso, fazendo um delicioso sessenta e nove.

O embate dos dois ao mesmo tempo feroz era atenuado por palavras e gesto de carinho como se conhecessem há mais tempo.

Isso foi somente o início de uma relação amorosa ensandecida entre os dois, onde Stella colocava para fora todos os fantasmas que vivera naquela noite.

Mas que por fim, encontrou André um homem gentil e fino, que não se deixava endurecer por sua profissão.

Stella pode com ele se mostrar, tirar o estigma de que não era uma mulher qualquer, pois sabia dominar as suas emoções.

O arrependimento passara...

Para acontecer algo bom, às vezes, talvez o mal prevaleça para que possa acontecer de alguma maneira.

Se os caminhos fossem fáceis demais, talvez não nos orgulhássemos de nossas e novas conquistas.

Foi então, com André...

Essa foi à maneira que o destino se atreveu para colocá-los de frente a frente um para o outro.

E percebeu que em toda ação há uma conseqüência...

Melhor ainda, quando esta é para o bem!

Um comentário:

Lou Albergaria disse...

Você escreve muito bem!

Amei seu espaço!

Post's deliciosos!

Depois quero te visitar no Recanto das Letras. Também sou de lá, mas faz muito tempo que não posto nada naquele site. Espero voltar em breve.

Tenha um lindo domingo!

Beijão!!!

Seguindo-a. Depois venha me visitar. Será um prazer recebê-la.