
Stella desde a sua adolescência fora uma menina autêntica, não se deixando guiar por modismos.
Em uma dessas passagens ela lembra que enquanto suas irmãs e primas colecionavam papéis de cartas, se via às voltas em bancas de jornal procurando revistas de homens cabeludos para trocar recortes e pôsteres com outras meninas de seu curso normal, por materiais de sua banda favorita.
Os papéis de cartas colecionados por suas primas e irmãs não existem mais, porém os fichários com as fotos de roqueiros continuam intocáveis em sua prateleira. E se orgulha disso, apesar de vários anos terem se passado.
Stella casou, no entanto, não fora uma de suas melhores experiências e achou por bem se separar.
Uma das melhores escolhas de sua vida!
Alguns anos se passaram, e apesar de se encontrar na altura de seus trinta e quatro anos, Stella não perdeu o brilho de sua jovialidade, continua com o mesmo jeito meigo de menina, apesar de suas grandes responsabilidades.
Teve um ou dois compromissos depois de sua separação, mas nada que pudesse engrenar em um relacionamento sólido e preciso.
Para que se preocupar com isso? Já que as pessoas estão tão volúveis mesmo.
As formas de seu corpo continuam atraindo os olhares maliciosos dos homens e os de inveja por parte das mulheres, mas não está nem ai.
Qual a mulher que não gosta de ser admirada e desejada quando passa pela rua e percebe um olhar em sua direção?
Em uma noite de sábado, Stella saiu sozinha para dar em uma volta no bairro em que mora.
Arrumou-se de forma básica, mas mesmo assim se fazia notar.
A calça jeans colado ao corpo e a blusa lilás dava um contraste com a sua pele muito branca e moldurando os grandes seios em um decote provocante. O cabelo retocava-lhe o rosto, em tom mel cacheado, batendo ao meio de suas costas.
Passando em frente a uma lanchonete, lembrou que um amigo seu estava trabalhando e resolveu dar um alô.
Pedro se encontrava atrás do balcão.
Stella pediu um suco, e enquanto trocava algumas palavras com o amigo, que atendia um pedido e outro, um homem ao lado começou importuná-la.
Porém, ela o ignorava.
Cansada de ser interrompida, pensou logo em acabar de tomar o suco e se despediu de Pedro.
No entanto, percebeu que o homem levantou no mesmo instante e começou a lhe seguir.
Por um momento pensou em voltar para casa.
- Mas como fazer?
O homem foi ficando mais ousado, fingia que já se conheciam há muito tempo e começava a lhe acariciar.
Stella aterrorizada não sabia que atitude tomar, quando ele de surpresa lhe empurrou contra a parede não dando a mínima chance de defesa.
Neste momento, não havia ninguém aonde haviam parado.
Por sorte, alguns segundos depois passavam dois homens aparentando seus quarenta e poucos anos.
E um deles percebeu que Stella estava sendo coagida a fazer algo que não era de seu acordo e prontamente sacou uma arma, perguntando o que estava se passando.
- Este rapaz esta lhe perturbando moça? – quis saber ele.
- Não... Não... – ela respondeu sem saber o que estava falando.
- Diga logo moça a verdade. Eu tenho duas armas aqui. Você escolhe com qual eu acabo com ele. – dizia ele descontrolado.
O colega lhe pedia calma, mais o homem parecia transtornado.
O rapaz que coagia Stella era bastante esperto, e fingia que não era nada do que estava acontecendo.
Finalmente o colega conseguiu controlar o homem que estava transtornado e Stella se via em uma situação que estava fugindo de seu controle. Acostumada a ter a rédeas da vida em suas mãos, aquela noite estava sendo diferente.
Logo começou a ajuntar pessoas curiosas querendo saber o que estava se passando.
E a polícia também fora acionada.
Fora descoberto que o rapaz que assediava Stella era foragido da justiça por estupro.
E ela não gostou de ser encaminhada a delegacia para prestar depoimento. Nunca estivera em uma antes!
O arrependimento por sair à noite bateu...
Por que não ficara em casa assistindo um filme? – se perguntava.
Ao chegar à delegacia, foi surpreendida pelo delegado de plantão.
- Nossa que homem! – pensou ela.
Os transmites legais foram feitos.
Ao dar o depoimento e ao falar sobre o que havia se passado, estava um pouco assustada com tudo aquilo.
Realmente o seu quase algoz era um sujeito muito perigoso, mas que naquela altura já se tornaria uma mulherzinha dentro da prisão.
O delegado pediu licença aos demais presentes e queria ficar a sós com ela.
Aquilo sim, a atitude daquele homem a perturbou ainda mais. Por se tratar de um jovem delegado, alto, moreno, de corpo atlético perfeito. Cabelos levemente caindo-lhe aos ombros negros.
O delegado André fechou a porta e aquilo fez com que desse um salto na cadeira.
Ele deu um leve sorriso.
- Senhora Stella... Pelo o que eu pude perceber me disse que mora sozinha. E como o seu bairro é um pouco distante daqui. Deseja que eu peça algum de meus homens para acompanhá-la? – quis saber o delegado.
- Vejo que não é necessário. Já que o tal meliante está sob a sua custódia, não há perigo, pego um táxi... – disse ela.
- Um deles. Pois saiba que existem muitos daqueles que está preso aqui lá fora. – disse ele em tom de ironia.
- O que queria ele? – pensava Stella. – Creio que não seja necessário. – a complementou.
- Daqui a meia hora termina o meu plantão. Se desejar posso eu mesmo acompanhá-la e deixá-la onde quiser. – disse ele.
- Já que insiste. Vou aceitar e ainda mais que sai de casa para dar uma simples voltinha. Não imaginei de vir parar aqui. – disse ela sorrindo.
O delegado André, pediu para que o esperasse na sala ao lado, enquanto se organizava.
Ao deixarem a delegacia:
- Realmente aquele sujeitinho sabe bem como escolher suas vítimas. – disse ele brincando.
- isso não é brincadeira que se faça! – disse Stella o repreendendo como se já se conhecesse há muito tempo.
- Desculpe! Foi mesmo de mau gosto. Não fiz por mau! – disse ele.
- Ainda bem que seus colegas mesmo de folga, perceberam o que estava se passando. – comentou.
- Meus policiais são muito bons. E policial com farda ou sem farda é sempre policial. – disse ele.
Já no interior do carro, André confirmou o endereço de Stella, que pediu para que a deixasse em um local próximo. Mesmo algumas pessoas sabendo o que se passara, não queria chamar atenção.
Ficaram em silêncio por alguns minutos.
Stella podia notar que a arma de André se encontrava em um lugar estratégico dentro do carro por qualquer tipo de emergência.
- Então, você mira sozinha? Não tem alguém para ficar ao menos esta noite? – quis saber o delegado tentando averiguar um pouco mais a vida dela.
- Não tenho parentes próximos. Amigos mesmo são poucos e além do mais não quero importunar ninguém. Sou do tipo de mulher que não gosto de dar trabalho. – disse Stella sendo segura no que estava falando
- Não estou falando disso. Você quase sofreu uma violência hoje. Tudo bem, o cara está preso. No entanto, alguém pode não ter gostado e vir até a sua casa. – explicou o delegado.
Um silêncio tomou conta do lugar, Stella se via perdida, não sabia que atitude tomar. E se realmente o delgado estivesse com a razão?
- Prontinho... Chegamos! – disse ele.
- Por favor, leve-me daqui! – disse Stella desnorteada com tudo o que se passara.
- Calma! Está tudo bem! Estou aqui! – Disse ele a envolvendo em seus braços por um impulso.
Como os vidros do carro eram escuros, as poucas pessoas que transitavam pelo local, não percebiam o que estava se passando ali dentro.
Stella deu início a um choro convulsivo, só voltando a seu bairro, percebera o que havia se passado.
André, percebendo que ela se acalmara mais um pouco, deu partida no carro sem direção.
Stella se sentia indefesa, e feito uma criança, subiu os pés para o banco do carro e abraçou os próprios joelhos.
Neste instante, André a olhou pelo canto do olho, sem saber se ficasse preocupado ou se sorria pela atitude daquela mulher indefesa e ao mesmo tempo misteriosa.
Stella não sabe precisamente quanto tempo ele dirigiu mais. Pois adormecera no carro.
- Onde estamos? – quis saber ela.
- Desculpe, não sabia o que fazer e então a trouxe para um apart-hotel. – disse o delegado.
- Não imaginei que... – descanse!- ele a interrompeu.
- Obrigada! Ninguém nunca fizera algo assim antes, de se preocupar comigo... De me proteger! – agradeceu Stella.
E nesse momento foi ela quem o abraçou, e sua respiração forte percorria o pescoço de André, que se sentia atraído por aquela mulher.
Na delegacia se mostrava forte e impetuosa, mas que naquele momento estava se mostrando como um animal indefeso.
Ao perceber, Stella teve a mesma sensação e quando o viu pela primeira vez na delegacia, uma forte atração a guiou em direção a boca desejada de André.
Este também permitiu se envolver no mesmo beijo, deixando de lado o seu lado profissional.
O beijo de Stella confirmava a sua personalidade forte, que aquele momento de carência, era tão somente pelo fato ocorrido.
Ao se beijarem, ambos começaram a tirar a roupa de cada um e André se aconchegou na cama, permitindo assim carícias mais livres no corpo da mulher que atraiu o desejo de um homem perverso.
Realmente Stella era forte, não se deixando se abalar ao extremo pelo fato ocorrido.
Stella inverteu a posição e caiu de boca, no sexo de André que já se encontrava teso, fazendo um delicioso sessenta e nove.
O embate dos dois ao mesmo tempo feroz era atenuado por palavras e gesto de carinho como se conhecessem há mais tempo.
Isso foi somente o início de uma relação amorosa ensandecida entre os dois, onde Stella colocava para fora todos os fantasmas que vivera naquela noite.
Mas que por fim, encontrou André um homem gentil e fino, que não se deixava endurecer por sua profissão.
Stella pode com ele se mostrar, tirar o estigma de que não era uma mulher qualquer, pois sabia dominar as suas emoções.
O arrependimento passara...
Para acontecer algo bom, às vezes, talvez o mal prevaleça para que possa acontecer de alguma maneira.
Se os caminhos fossem fáceis demais, talvez não nos orgulhássemos de nossas e novas conquistas.
Foi então, com André...
Essa foi à maneira que o destino se atreveu para colocá-los de frente a frente um para o outro.
E percebeu que em toda ação há uma conseqüência...
Melhor ainda, quando esta é para o bem!