terça-feira, 24 de agosto de 2021

Masmorra

 

Tenho vagado por caminhos que não desconheço.

Com o tempo –

Na mente são apenas vagas lembranças...

Um déjà vu que reverbera em minha alma.

A busca constante pela saciedade – 

É feito um vício.

A adrenalina que percorre nas veias  - Dilatando as pupilas.

Posso enxergar feito um lince na escuridão à espreita, na procura por vertigens... 

Na segurança de minha condição.

A fragilidade do outro ser explorando no ponto exato –

São nessas brechas que encontro a passagem para o que tanto desejo, usufruindo de sua fraqueza, e/ou atiçando a sua vaidade em forma de tesão.

No fundo... No fundo todos as preservam.

A vontade humana é uma incógnita!

No final  das contas: Ninguém sabe o que realmente é, no lusco fusco da sexualidade.

E achando que se darão bem, faço-os pensarem que estão no comando, deixando o barco à deriva, para no momento certo tomar de assalto, mostrando quem realmente dá as cartas, com o meu corpo em brasa.

É tão prazerosa esta sensação, que a mão chega a tremer!

Entretanto, muitas das vezes, no início procuro me conter –

Não há nada melhor do que a expectativa:

Ver o medo e o terror se entranhar bem no fundo de seus corações.

O suor escorrendo na pele –

Exalando o feromônio, feito um animal arisco, lutando para sobreviver.

Sem qualquer resquício de culpa –

Imobilizando a presa...

Chicoteando-a para amaciar a carne –

Deixando marcas –

Criando vincos –

Traçados de sangue –

Hematomas –

Apresentando-o ao meu recinto particular:

Na contrapartida do meu rito de profanação sexual –

Onde o momento do ápice é o êxtase...

O deleite da luxúria –

Na miscelânea da dor.

Presenteando-me com a inspiração necessária, alimentando o âmago.

Fazendo-me revelar a minha verdadeira identidade.


As palavras são as vertentes translúcidas –

Em conjunto com as minhas mãos –

Com o que posso recriar ornamentado aos pensamentos, tomando forma –

Transformando em realidade.


Chicotes –

Velas –

Correntes –

Cordas –

Algemas –

Manivelas –

Com peças de madeira que se encaixam, fomentando guilhotinas -

Armadilhas para os mais atrozes e desobedientes.

Quanto mais se debatem em desespero e sofrimento:

Os membros são puxados –

Esticando os tendões –

Desencaixando ossos –

Provocando agonia –

Incitando distensões musculares -

Desencadeando gritos  e gemidos.


Complementando com o clima hostil, torno-me rainha de minhas próprias vontades.

Ereções involuntárias...

Excitando-me com os gritos alheios –

Derramando-me!

Seios intumescidos –

A língua em riste –

Lábios ressecados –

Por ora, molhados.

Respiração ofegante –

A boceta encharcada –

Expandindo-me -

Escorrendo de prazer.

Na lubrificação natural –

No deleite anal.

Esfolando falos –

Explorando corpos -

Ao regalo.

Na volúpia evanescente.

A mulher –

A fêmea –

A Domme –

Que sabe extrair  até a última hora  do tão desejado elixir da existência.

Da raça que se propaga –

Para ser alimento de voluptuosidade.

Fazendo-me realizar e coexistir –

Na maior das profundezas dos ensejos carnais.

Em minha masmorra particular.

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